PS
Paisagens de filme, palco da história do mundo, território diverso, disperso, mas tudo perto, tudo próximo. Não há semáforos, não há pressas. As pessoas são acolhedoras, tranquilas, vivem bem com a diferença, e sabem ainda melhor, desde cedo, o que a vida custa a ganhar. Qualidades humanas muito presentes nos eventos de reconhecimento mundial, mas também nas festas populares e religiosas, de envolvimento emocional tremendo, como as batatadas, os maios ou o santo antão. Para nós, é o melhor concelho de todos. E, ainda assim, ainda há tanto por fazer.
Inverter o foco e cuidar verdadeiramente de quem cá vive e de quem nos visita: Assegurar os médicos que não temos, construir as casas que não existem para viver, desenvolver as redes que teimam em não aparecer: de saneamento, de abastecimento de água, de vias de circulação, de transportes dentro do concelho, de equipamentos de desporto e lazer, de estruturas residenciais para idosos. Óbidos já gera riqueza suficiente para ultrapassar as nossas dificuldades, pelo que temos de saber redistribuí-la, ajudando pessoas, associações e empresas a serem mais capazes, e assim evitar que sejamos apenas um postal de viagem.
Para os que vendem ilusões e chavões, os que não combatem as assimetrias, que vivem em entre o luxo e a dificuldade, que não promovem a economia circular, que não estimulam a sustentabilidade ambiental nem o bem-estar animal, que não promovem um ambiente favorável aos nossos colaboradores, que não incentivam a conciliação do trabalho com a vida familiar. Não quero perder para os que não entendem a Câmara como motor do desenvolvimento, mas apenas como o cartão multibanco que sustenta a sua visão egocêntrica ou a sua perspetiva de carreira pessoal, empresarial ou política. Estamos nisto há demasiado tempo, a alimentar projetos pessoais em detrimento do desenvolvimento do coletivo. Era triste perder esta oportunidade.
Óbidos já faz imensos e muito bons eventos. O aumento de população, do número de camas disponíveis e dormidas turísticas, e o aumento de receitas dos impostos diretos (IMI e IMT), são o resultado disso mesmo. Mas temos a ambição de aumentar ainda mais a sua qualidade, e aumentar o impacto em quem nos visita - queremos deixar as pessoas de “queixo caído”. Isso pode conseguir-se sem aumento de despesas, e de preços, que nos permita atrair todos os que queiram, e não só os que possam porque mais abastados. Quem nos visita quer ser surpreendido a cada ano, a cada edição, pelo que temos de ser criativos e ambiciosos, e também porque a concorrência de outros destinos assim o exige. Contamos com duas armas nessa “liça”: conhecemos bem o local do confronto (Óbidos é um palco que a todos apaixona) e os nossos “guerreiros” (colaboradores e parceiros, e a população) são do melhor que há!
Poucas coisas classifico em Óbidos como insuportáveis. Entre elas, preocupa-me o futuro dos nossos filhos e netos, e custa-me que tenham de sair de Óbidos para tanta coisa. Uns para trabalhar, outros para estudar, para comprar coisas, outros para lazer, tantos outros para comprar ou arrendar casa. E preocupam-me os mais idosos e mais desprotegidos, com falta evidente de cuidados. Temos de olhar para isto como uma prioridade, ou vamos mesmo ser só um destino, em vez de um sonho!
Subir aos montes de A dos Negros ou da Usseira, olhar o Castelo de Óbidos e procurar, por detrás das muralhas, o mar, as Berlengas ou a Lagoa. Pegar numa bicicleta e vir por aí abaixo. Sem caminho certo, pela bússola dos cheiros a campos e frutas, passando por Gaeiras ou Olho Marinho, e terminando na costa do Vau ou Amoreira. Todos únicos, todos obidenses, um orgulho imenso em ser daqui e morar aqui. Enche a alma. E pega-se.
Por vezes, o meu entusiasmo na discussão dos assuntos e dos temas, em torno das pessoas, e das vontades, envolve demasiada energia, e pode às vezes tornar-se um pouco agressiva, pelo excesso de entusiasmo. Tenho procurado conseguir nesses momentos ligar-me à terra, às pessoas, aos momentos de empatia, e tolerância, e perdão, e amizade sincera por quem mal se conhece, encontrar uma espécie de bondade. Caraterísticas que não tenho, mas que vou procurando junto das pessoas certas, neste caminho de intervenção nesta vida pública e nesta candidatura. Política não é estar, é ser, e é ser para os outros, tento aprender isso, todos os dias.