Chega
Florestal, serrano, histórico, comunitário, tranquilo, rio, tradição, memória, natureza, resiliência.
Tendo conta a caracterização única de Pedrógão Grande – marcada pela tragédia dos incêndios de 2017, pelo envelhecimento populacional, pelo potencial natural e pelo seu património –, as prioridades estratégicas deveriam ser construídas em torno de três pilares fundamentais: Resiliência, Revitalização e Identidade. Aqui estão algumas prioridades estratégicas detalhadas: Pilar 1: Gestão do Território e Resiliência Contra Incêndios Esta é, sem dúvida, a prioridade absoluta e transversal a todas as outras. A memória de 2017 obriga a uma ação contínua e inovadora. 1.1. Criação de uma Comunidade Resiliente: Gestão de combustíveis: implementar um programa contínuo e agressivo de limpeza de matos, criação de faixas de gestão de combustível e fomentar a pastorícia controlada; Vigilância e deteção precoce: investir em tecnologia (ex.: câmaras de vigilância térmica, drones) para detetar focos de incêndio nos seus primeiros minutos; Planeamento de evacuação: criar e testar regularmente planos de evacuação para todas as localidades, com rotas definidas e pontos de encontro seguros. Realizar simulacros anuais com a população; Cultura de autoproteção: promover campanhas de sensibilização para que cada cidadão e empresa seja um agente ativo na proteção do seu espaço. 1.2. Valorização da Floresta Gestão florestal partilhada: incentivar a constituição de Baldios ou ZIFs (Zonas de Intervenção Florestal) para uma gestão profissional e conjunta dos pequenos terrenos florestais; Economia da floresta: atrair investimento para a bioeconomia (ex.: aproveitamento de biomassa para energia, cortiça, resina, plantas aromáticas), tornando a floresta um ativo económico e não um passivo. Pilar 2: Revitalização Demográfica e Económica Combater o envelhecimento e a desertificação é crucial para o futuro do Concelho. 2.1. Atratividade para jovens e famílias: Habitação acessível: criar um programa municipal de apoio à reabilitação de casas devolutas no centro da vila, com contrapartidas de arrendamento acessível para jovens casais ou recém-chegados; Conetividade digital: garantir que todo o concelho tem acesso a internet de banda larga de alta velocidade, condição essencial para o teletrabalho e para fixar as empresas; Apoio à natalidade e educação: reforçar os apoios sociais às famílias (ex.: creche municipal com custos reduzidos) e melhorar as condições das escolas locais. 2.2. Economia local e empreendedorismo: Incubadora de negócios: criar um espaço de co-working e uma incubadora para apoiar negócios locais, especialmente ligados ao turismo sustentável, produtos endógenos e economia digital; Promoção de produtos locais: criar uma marca "Pedrógão Grande" para o mel, azeite, cogumelos, artesanato, etc., e promover uma feira quadrimestral ou loja online. Turismo da natureza e memória: (ver ponto 3.1.) Pilar 3: Valorização do Património Natural, Cultural e da Memória Pedrógão tem uma identidade forte que pode ser o seu maior triunfo. 3.1. Turismo sustentável e de significado: Rede de percursos pedestres e cicláveis: requalificar e interligar os percursos existentes (como os da Rede de Percursos de Pedrógão), criando rotas temáticas (florestais, históricas, do xisto) e promovendo-as a nível nacional e internacional; Memorial e centro de interpretação: consolidar o Memorial e o Centro de Interpretação como locais de homenagem, pedagogia sobre os incêndios florestais e atração para visitantes interessados em temas de resiliência e ambiente; Turismo sénior e de bem-estar: aproveitar a tranquilidade e a natureza para criar pacotes turísticos direcionados a seniores ou para retiros de bem-estar. 3.2. Reabilitação do património Centro histórico: intervir no centro histórico da vila, reabilitando edifícios emblemáticos e melhorando o espaço público para criar um núcleo atraente e vivo; Património religioso e dos antigos lagares de azeite, entre outros: valorizar e sinalizar este património, integrando-o nos roteiros turísticos. Pilar 4: Governação Proximista e Transporte A confiança da população na autarquia é fundamental. 4.1. Comunicação eficaz: manter os cidadãos informados sobre projetos, decisões e finanças municipais através de um portal online transparente e de newsletters regulares; 4.2. Participação cidadã: criar fóruns de discussão (presenciais e online) para ouvir as necessidades das diferentes freguesias e grupos populacionais (jovens, seniores, empresários); 4.3. Eficiência energética nos edifícios públicos: investir em painéis solares e medidas de eficiência energética nos edifícios municipais, poupando recursos e servindo de exemplo. Em suma, a visão para Pedrógão Grande deveria ser a de transformar uma página trágica da sua história numa alavanca para se tornar um concelho de referência em três aspetos: 1. Um modelo nacional de comunidade resiliente e preparada para os riscos climáticos; 2. Um território de oportunidades para jovens e empreendedores, aproveitando a qualidade de vida e a natureza; 3. Um destino de turismo com significado, que honra a memória e celebra a sua paisagem única. A chave para o sucesso será a articulação constante entre estas prioridades, garantindo que o desenvolvimento económico e social está sempre aliado à máxima segurança do território e das pessoas.
É uma pergunta interessante que toca em ética, estratégia política e princípios democráticos. Prefiro pensar em termos de projetos para Pedrógão. O meu maior receio seria ver vitoriosa uma proposta que não ofereça soluções reais para os problemas do povo e que seja baseada num populismo irresponsável.
O efetivo ordenamento florestal no Concelho de Pedrógão Grande é um objetivo complexo que esbarra numa série de desafios interligados, muitos dos quais foram tragicamente evidenciados pelos incêndios de 2017. Ou seja, não falta uma solução única, mas sim uma estratégia integrada e persistente que ataque todas estas frentes em simultâneo: 1. Agregação da propriedade: promover ativamente a criação e o fortalecimento de ZIFs e associações de baldios, com apoio técnico e financeiro do Estado. 2. Incentivos económicos inteligentes: reorientar os subsídios para privilegiar a floresta diversificada e resiliente ao fogo, criando cadeias de valor em torno das espécies nativas; 3. Gestão de combustível permanente: assegurar financiamento contínuo para equipas de sapadores florestais e para a manutenção da rede primária de defesa (faixas de gestão de combustível, pontos de água); 4. Aplicação efetiva da lei: reforçar a capacidade dos municípios para fiscalizar e, em último caso, executar a limpeza coerciva de terrenos, cobrando depois aos proprietários; 5. Inovação e empreendedorismo: apoiar projetos que tragam nova vida para o território, como a bioeconomia, o turismo sustentável e a agricultura de proximidade, fixando população e diversificando a economia. O caminho para o ordenamento florestal efetivo em Pedrógão Grande é longo e exigente, mas é um imperativo. A tragédia de 2017 serviu como um alerta severo, e o que falta agora é a vontade coletiva e a alocação de recursos necessários para implementar, de forma consistente e a longo prazo, as soluções que já são amplamente conhecidas.
O que é verdadeiramente difícil suportar em Pedrógão Grande é a confluência e o agravamento mútuo de vários fatores: um idoso, a viver sozinho numa aldeia isolada, sente o medo constante do fogo, tem dificuldade em ir ao médico e vê as suas terras abandonadas porque os filhos emigraram para ter uma vida melhor. A floresta que sempre foi o seu sustento tornou-se, devido a más práticas e às alterações climáticas, uma ameaça à sua própria existência. Em conclusão, para além da tragédia específica de 2017, a dificuldade de suportar a vida num concelho como Pedrógão Grande reside numa combinação de isolamento geográfico, desertificação humana, dependência de um recurso de risco (a floresta) e a ameaça climática, criando um contexto de grande vulnerabilidade e resiliência posta à prova todos os anos.
Com enorme prazer! Um dia perfeito no Concelho de Pedrógão Grande é uma imersão profunda na natureza, na tranquilidade e na autenticidade do interior de Portugal. É um dia para desacelerar e para todos os sentidos. Em suma, um dia perfeito em Pedrógão Grande é: uma jornada sensorial: da água fresca do rio ao sabor da gastronomia, do cheiro da floresta ao visual deslumbrante do pôr-do-sol; um equilíbrio entre atividade e repouso: mergulhos, caminhadas, mas também momentos de pura contemplação; uma experiência autêntica: longe dos roteiros turísticos de massas, focada na simplicidade, na história e na força da natureza. É um dia que renova as energias e fica na memória pela paz que transmite.
Tenho fortes raízes Pedroguenses, nasci em casa, na Cruz do Convento, intelectual e culturalmente curioso, com um gosto apurado que vai do tradicional português ao cosmopolita e improvisado. Valorizo a beleza natural e as narrativas profundas, seja na música, nos livros ou no cinema.